É 2020. Assustado, o mundo parou, e o refúgio foi a casa de cada um. Um vírus fatal surgiu ceifando vidas, sacudindo o planeta e transformando nossas vidas da noite para o dia! Nunca tantos repentinamente buscando repensar a vida, a sua e a do outro, assim tão urgentemente, como se vislumbrando um fim de tudo. Viu-se até a solidariedade ressurgir, e emergir do fundo de cada um, porque não havia outro jeito. A sombra da morte, na sua ronda ameaçadora, fez-se presença fatal em cada canto do nosso mundo. E o que se deu foi que esse inimigo invisível e aterrorizante resultou na união de um grande número de pessoas na luta comum pelo anseio de viver. Luta árdua! A Ciência estarrecida, correndo agora contra o tempo em busca de uma arma eficaz contra esse desconhecido que infecta pelo ar e arrebata todas as vidas que estão ao seu alcance... Ao que parece o caminho da cura ou da prevenção está ainda engatinhando. Porém, abnegados profissionais revezam-se incansavelmente na busca de uma solução. Sim, corre-se contra o tempo na tentativa de produzir vacinas, as quais não chegam em tempo pra muitos, que se estão indo antes da comprovação desses experimentos. Muito triste! Assim está a humanidade neste abril. E há ainda o agravante do aparecimento de uns seres sombrios e cheios de ódio que, ardendo no fanatismo e na adoração febril de um governo satânico e negacionista, ameaçam pôr mais ainda a perder, afrontando cegamente um vírus que desconhecem. Como se não bastasse, ironizam sarcasticamente os que aí estão a dar tudo de si para salvar vidas, além de pôr em risco a si próprios. Sentem-se os donos da verdade, desrespeitam a vida, mergulhados em profunda, triste e irrecuperável ignorância, além de venerar um falso messias, este que elegeram com muita truculência. Nosso país está assim, dividido em duas forças: a do bem e a do mal.
O bem, unindo forças e abraçando o mundo, envolto em aura grandiosa de solidariedade universal, conclamando e tentando conscientizar a todos pra ficarem em casa e respeitarem o isolamento indicado como única forma de salvar vidas. Criando também uma admirável força coletiva de atendimento aos que necessitam e aos que adoecem vítimas do vírus, sem olhar a quem o fazem. Muitas vezes, eles próprios fatalmente perdendo a vida nessa missão de salvamento, que desempenham valorosamente.O mal, sabemos na figura de quem, unindo suas forças também, mas em prol da defesa às suas riquezas materiais, sempre em detrimento da vida e a favor do lucro. Como selvagens enfurecidos, protestam contra o isolamento social e contra o fechamento de seus estabelecimentos empresariais. E, entre a cruz e a espada, está o trabalhador, que recebe toda essa pressão e ameaça, e que, temendo quanto ao seu emprego, tem duas escolhas: a possibilidade da vida, caso fique em casa, mas a quase certeza da morte, se atender ao patrão. A morte tem triunfado em não raras vezes. Pouco ou nada se importando com os índices de mortes, esse gado doente sai às ruas feito manada ensandecida, arrastando seus ódios, e ainda criando riscos para si e para os que lhes cruzam o caminho. Banalizam a vida, como se papel secundário tivesse, como não tendo o mesmo valor que seus bens materiais representam.
Se entendermos que o planeta está passando por uma transformação que o levará a uma condição de vida mais justa, poderemos tirar dessa catástrofe, uma grande lição. A união dessa corrente grandiosa de solidariedade resultou nesse pequeno, mas importante, coletivo de ajuda mútua que estamos vendo, e que caminha a passos firmes para a construção de um mundo melhor. Assunto que os adoradores do "mito maldito" consideram, do alto de sua ignorância, como sendo "coisa de comunista", porque a ordem nesse balaio de loucos é que cada um cuide do seu umbigo, tipo uma versão adaptada especialmente pra esses infelizes daquele velho e conhecido ditado, ensopado de egoísmo e que é a cara deles: cada um por si, ninguém pelos outros, ou, em outras palavras: coletividade é utopia de comunista. A ignorância nessas criaturas do mal é tão contundente que eles nem percebem que elevam o comunismo a um alto grau de humanismo! Parece cômico? Não! É trágico! E, parodiando Pôncio Pilatos, lavam as mãos! Assim como: "Eu cuido de mim, e dos outros que cuide Deus, e isso se Ele quiser!" Jogam a bola pro altíssimo e avançam, cegos, braços dados com o egocentrismo até que a morte os separe, e só então os desespere! Aí o bicho pega esse bando de patriotas equivocados!
Por outro lado, há nesses últimos meses, muita reza chegando aos céus! Ah, é que o sapato apertou! Eu própria não era muito assídua, confesso. No entanto, hoje, eu e muitos, clamamos por saúde pra todos, e todo o dia expandimos essa vibração ao planeta inteiro, não mais a restringindo às nossas quatro paredes ou apenas a nossos familiares. É que estamos nos sentindo, todos ou quase todos, mais irmãos. E isso é bonito. Um bom sinal. Temos um caminho longo ainda a percorrer pra nos tornarmos seres mais evoluídos, mas tivemos que parar um pouco, estender nossa visão para além do nosso reduto, e ampliar nosso horizonte particular. E estamos descobrindo que parar para pensar engrandece. A gente se vê por dentro. E vê os outros. E tentar ver cada um do jeito que é também engrandece. E muito importante, a gente passa a entender e aceitar a individualidade do outro. Com isso tudo, claro, temos surpresas boas e outras nem tanto. Mas, enfim, estamos entendendo que sem união somos apenas unidades aleatórias e desorganizadas, corpos desordenados, seres vazios e doentes da alma, zanzando às tontas num planeta que nós mesmos tornamos triste e, como consequência, sem merecermos sequer o espaço que ocupamos. Mas ainda há uma saída. Há muito que se aprender se prestarmos bastante atenção no que está acontecendo a nossa volta. E acho que o tempo é agora!